CONCEITO DE GEOGRAFIA

 A geografia é a ciência que investiga, analisa e tenta explicar o espaço produzido pelo homem e, como matéria de ensino, permite que o aluno se perceba como participante do espaço que estuda.

No âmbito da educação ambiental, um dos papéis da geografia é fornecer instrumentos para que os cidadãos possam localizar e compreender os significados dos ambientes produzidos pelo homem.

Nos dias de hoje, pode-se dizer que inexiste integridade ambiental, caracterizada como paisagem natural, uma vez que, de alguma forma, mesmo que por direitos políticos, a interferência humana foi responsável por modificações no meio.

No Brasil, a mudança de conteúdo dos livros didáticos só passou a ocorrer efetivamente após a redemocratização do país. Antes disso, os conteúdos eram trabalhados de modo destorcido, desconsiderando-se as desigualdades, as contradições e as tensões sociais presentes no país.

O espaço vivido pela criança é o espaço físico, vivenciado a partir do movimento, da locomoção.

O espaço percebido permite à criança lidar com o espaço concebido, que é o espaço mais abstrato.


De acordo com Castro Giovani, a apreensão do espaço pela criança se dá em três etapas: a etapa do espaço vivido, a do espaço percebido e a do espaço concebido.


Segundo Milton Santos, “A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade”.

No período técnico, os objetos são ao mesmo tempo culturais e técnicos, e, no espaço, o componente material é crescentemente formado do natural e do artificial.

A cidade, como lugar de concentração da população, é o espaço, via de regra, onde as relações humanas acontecem de maneira mais acentuada e complexa.

Na cidade, o bairro é interligado com outros bairros ou com a zona rural, tanto do ponto de vista espacial quanto no que se refere aos movimentos de população.

Com relação às investigações geográficas acerca da estrutura e da formação do espaço, descrever, relacionar e explicar tudo que é visível na paisagem é parte fundamental no processo de análise do espaço geográfico.

Em geografia, uma das questões mais significativas diz respeito à escala de análise que será enfocada, estudar e compreender o lugar significa entender o que acontece no espaço onde se vive para além das suas condições naturais ou humanas.

Em relação ao estudo da cidade e da cidadania, no âmbito da geografia, na busca de elementos e aspectos para se organizar os temas de estudo, é fundamental a explicitação dos conceitos de cidadão e de cidade.

Trabalhos de seleção de conceitos geográficos básicos para estruturar conteúdos de ensino que objetivem desenvolver a autonomia de pensamento dos discentes. Paisagem, território e região são categorias essenciais para a identificação da singularidade do saber geográfico.

As referências pedagógico-didáticas para a geografia escolar, no âmbito do ensino da geografia, destaca-se a geografia do aluno, que tem como referência o conhecimento geográfico construído em sala de aula.

As atividades práticas são fundamentais no ensino da geografia, pois permitem que o professor proponha aos alunos questões reais e de importância concreta nas atividades que permitem vincular a geografia às reflexões e ao imaginário dos alunos, é possível estimular a capacidade de observação e reforçar ideias acerca da indissociabilidade entre tempo e espaço.

Ao estudar o espaço geográfico, o aluno refletirá sobre a análise da dinâmica social, da dinâmica da natureza e da relação entre elas. É importante destacar que, no ensino, sociedade e natureza constituem a base objetiva sobre a qual o espaço geográfico é construído.  No âmbito dos estudos geográficos, a abordagem tradicional da natureza, incluindo-se a climatologia, é descritiva, classificatória, pouco cuidadosa e apresenta repetição de concepções academicamente ultrapassadas.

Castro giovanni afirma que a representação dos segmentos espaciais é fundamental no processo de descentração do aluno, facilitando a leitura do todo espacial.  A partir da representação espacial das grandes cidades brasileiras, percebem-se a organização de seus espaços e a estratificação das classes sociais ali existentes.

Antônio Carlos R. Moraes afirma que os movimentos de renovação da geografia manifestam-se na segunda metade do século passado e aceleram-se em momentos posteriores. Essa renovação é considerada benéfica, pois abriu espaço para o desenvolvimento do pensamento crítico e renovado no campo da ciência geográfica em um século de muitas transformações.

A geografia crítica assume nova postura frente à realidade; seus autores defendem a necessidade de uma transformação da realidade social e do conhecimento sócio espacial.  A “Geografia dos Professores”, a propósito do que apontou Ive Lacoste em crítica à geografia tradicional, camuflou dados para servir a uma “Geografia dos Estados-Maiores”.


De acordo com Antônio Carlos R. Moraes, a geografia tradicional fundamenta-se em concepções filosóficas e metodológicas de base positivista. Acerca das especificidades da geografia tradicional, uma das manifestações positivistas da geografia tradicional é a redução da realidade ao mundo dos sentidos, ou seja, a circunscrição do trabalho científico ao domínio da aparência dos fenômenos, em seus aspectos visíveis, mensuráveis e palpáveis.


As ideias geográficas, desde a Antiguidade, se desenvolveram a partir de conhecimentos práticos originários da observação e exploração da Terra. Foi, porém, entre os gregos que a Geografia surgiu como um campo de conhecimento específico, cabendo a Estrabão o mérito de ter utilizado, pela primeira vez, o termo “geografia”.  A Geografia Regional, ligada à História e à Etnografia, tem origem na Grécia, assim como a Geografia Geral, que nasce Física e Matemática, o que demonstra que desde a sua gênese como área do conhecimento humano, a Geografia apresenta sua dupla face. Por longos séculos, até o surgimento da Geografia Moderna, esses dois ramos se desenvolvem praticamente sem se encontrarem e interpenetrarem e a Geografia Moderna existirá desde o momento em que a aproximação e o relacionamento entre a Natureza e a Sociedade, ou seja, entre a Geografia Geral e a Regional, forem viabilizados por um conhecimento empírico do globo terrestre, até então inexistente. Esta segunda gênese se dará na Alemanha, que enfrenta, ainda no século XIX, problemas relativos à sua unificação e à transição feudalismo/capitalismo e ao longo dos séculos XVI-XVIII, várias ciências foram se setorializando em relação ao conjunto dos conhecimentos humanos, como a política (Maquiavel), a economia (Smith), etc, mas a geografia que começa a ser repensada por Kant e Hegel é, como a grega, globalizadora, continuando a abranger campos que vão se especializando (águas, clima, solo, economia, etc). 

No desenrolar da Guerra do Vietnã, os conhecimentos geográficos sobre o Delta do Tonquin foram fundamentais para norte-americanos e vietnamitas, constituindo exemplo de que a Geografia, ao não se especializar, mantendo o cruzamento entre os conhecimentos relativos à Sociedade e à Natureza, pode desempenhar um papel estratégico.    Ao definir que as combinações geográficas, físicas, biológicas e humanas constituem o objeto da Geografia, A. Cholley não apenas referenda o princípio da causalidade múltipla de Humboldt, como antecipa os paradigmas contemporâneos de formação sócio-espacial e geossistema.  Muitos dos ideólogos do sistema e da Doutrina de Segurança Nacional são considerados geopolíticos, como é o caso do general Golbery do Couto e Silva que organizou o SNI durante o governo Castello Branco, e, mais tarde, foi um dos principais conselheiros do Presidente Geisel, que subiu ao poder em 1974. Como a geopolítica estuda a relação entre a geografia e os Estados, o ideário de segurança nacional fundamentou-se, em parte, nas ideias de Ratzel, geógrafo alemão autor do conceito de “espaço vital”.

Milton Santos, em sua obra Espaço e Método (1a edição, 1985), destaca que, para compreender o espaço geográfico em sua totalidade, as categorias de forma, função, estrutura e processo devem ser tomadas em conjunto e interrelacionadas, porque as mudanças morfológicas das paisagens devem ser consideradas em relação às funções, estruturas e processos que identificam os conteúdos da ação social, visto que a forma espacial tomada isoladamente representa apenas a aparência. 

O caráter tardio do desenvolvimento do capitalismo na Alemanha e a especificidade do processo que leva à constituição do Estado nacional alemão reúnem as condições capazes de explicar o surgimento pioneiro da Geografia Moderna naquele país.  A problemática da unificação e do lugar da Alemanha no cenário europeu e mundial é o desafio respondido pela filosofia clássica alemã, da qual tanto a geografia como o marxismo são herdeiros.  Com Alexander von Humboldt e Karl Ritter, a Geografia adquire na Alemanha, no século XIX, status científico, ao substituir a ênfase na descrição resultante dos relatos de viagem e expedições científicas por uma perspectiva explicativa, sistemática e científica.

“A geografia responde, como outros conhecimentos, à necessidade de descrição e explicação do mundo: da natureza que nos envolve e cujas leis de funcionamento nos interessam, bem como da sociedade, cujas leis, mais complexas e mutáveis, igualmente fazem parte dos interesses dos homens”. 

O objeto da geografia, das suas origens entre os gregos até a atualidade, tem girado em torno de uma visão holística que abarca o natural e o social, embora suas leis não sejam estritamente as mesmas e suas relações sejam mutáveis e de difícil apreensão.  

O relevo do “Domínio dos Chapadões recobertos por Cerrados e Penetrados por Florestas-Galeria” pode ser caracterizado pela ausência de mamelonização em favor da presença de plaino de erosão e plataformas estruturais escalonadas, com rampas semicôncavas nas passagens dos diferentes níveis e discreta convexização geral das vertentes nas áreas típicas.

 Embora a quantidade de Metano (CH4) na atmosfera seja bem menor do que a de Dióxido de Carbono (CO2), sua importância para o efeito estufa decorre do fato de que sua molécula tem um potencial de aquecimento onze vezes superior à do CO2, e percentualmente seu crescimento anual também é maior.  Nos polos, a dissipação do ozônio (O3) ocorre principalmente pela ação do cloro (Cl) liberado de CFCs (empregados em larga escala em sistemas de refrigeração, aerossóis, etc.). A camada de ozônio situa-se na estratosfera, aproximadamente entre 15 e 40 Km de altitude. A assimetria hemisférica existente na distribuição dos oceanos e continentes tem um papel importante na circulação das águas marinhas.

Segundo Sotchava (1978), não se pode entender a concepção de geossistema como sendo a mesma de ecossistema, pois os ecossistemas de biocenoses são complexos monocêntricos ou bicêntricos, nos quais o ambiente natural e suas bases abióticas são examinados do ponto de vista de suas conexões com os organismos. O conceito de ecossistemas é biológico, enquanto o de geossistema incorpora a ação humana.  Bertrand (1968) procurou demonstrar que o estudo da paisagem está intimamente relacionado com o conceito e o método do geossistema. Nesse sentido, propõe uma subdivisão escalar das paisagens.  Os princípios da Ecodinâmica de Jean Tricart (1977) têm como principal característica a concepção ecológica, que nas décadas de 1980/1990 evoluiu para a concepção de Ecogeografia.  A teoria Bioresistásica de H. Erhart afirma que nos geossistemas em resistasia prevalecem as atividades erosivas, com instabilidade vegetacional e pedológica.  Para Ab’Saber (1994), o “espaço total” inclui todo o mosaico dos componentes introduzidos pelo homem ao longo da história, na paisagem de uma área considerada participante de um determinado território. O termo paisagem é usado como suporte ecológico e bioecológico, modificado por uma infinidade variável de obras e atividades humanas. 

As encostas de forma convexa são características de processos de creep (rastejamento), erosão por splash (salpicamento) e divergência de fluxos com lavagem superficial do terreno. V. A declividade das encostas pode ser medida em campo através do uso do clinômetro, ou em gabinete pelo uso das cartas topográficas, onde se considera a distância entre as curvas de nível e  as encostas variam bastante em forma, comprimento e declividade, de um local para outro e, algumas vezes, podem variar bastante, num mesmo local.

as contribuições dos geógrafos Ab´Saber, com a teoria dos refúgios e redutos, e de Carlos A. Monteiro, dedicado ao estudo e busca de aplicação da teoria geossistêmica, foram de grande importância para o avanço da Geografia Física no Brasil, e ainda são muito úteis nas pesquisas atuais.

A Bacia Amazônica é constituída por embasamento onde predominam rochas cristalinas do pré-cambriano, e baixos platôs com sedimentos terciários e quaternários. O fraco declive do rio proporciona a redução da velocidade das águas, originando um padrão de drenagem meândrico.  Na Bacia do Atlântico Nordeste, em função da precipitação, o regime fluvial é semiárido com canais intermitentes. A diminuição de sedimentos na foz da Bacia do São Francisco está relacionada ao grande número de reservatórios que retêm as partículas.  

“As bacias hidrográficas brasileiras refletem o complexo quadro natural que engloba o país que possui uma variedade de aspectos. Por essa razão, a reunião das bacias fluviais passou por modificações, ao longo do tempo, formando diferentes grupamentos. [...] Com o apoio nas características das redes de drenagem e levando em conta as linhas de dissecação do planalto brasileiro adotou-se a divisão do Brasil em 10 bacias hidrográficas [...].” 

A Crosta Oceânica tem espessura e idade menores que a Crosta Continental. Se a Terra fosse homogênea e imóvel, o campo magnético terrestre não existiria.

  Todas as grandes fossas oceânicas correspondem a zonas de subducção.  O Manto tem características físicas e químicas semelhantes, esteja ele sob uma crosta continental ou sob uma crosta oceânica. A Litosfera é constituída pela porção superior do Manto, mais a Crosta Terrestre.  Na Teoria da Tectônica de Placas, as placas litosféricas, ao longo do passado da Terra, já ocuparam variadas posições relativas, inclusive com a Austrália e a Antártica em posições acima do Equador e graças aos grandes dobramentos associados a sua formação, a cordilheira dos Andes exibe hoje fósseis de peixes e outros organismos marinhos, em altitudes de mais de 3000 metros acima do nível do mar. 

Craton são porções estáveis da crosta terrestre, em geral relacionadas a áreas pré-cambrianas.

Falhas de transformação são falhas transcorrentes geneticamente associadas a esforços da tectônica de placas.  O magma pode ascender à superfície através de cones vulcânicos, ou através de grandes fraturas da crosta.  

Discordância entre duas rochas implica sempre na existência de tempo geológico entre a formação de uma e outra delas e os  domos salinos são ótimas estruturas armazenadoras de petróleo.

Os magmas graníticos, ou ácidos, têm menores temperaturas e maiores viscosidades que os magmas basálticos ou básicos.  As rochas sedimentares químicas são formadas pela precipitação de radicais salinos produzidos pelo intemperismo químico e que encontram-se dissolvidos nas águas dos rios, lagos e mares.

A Serra do Mar, que vai de Joinville ao Rio de Janeiro, é constituída de maciços graníticos de idade pré-cambriana e paleozoica inferior.  

Até o Terciário, a Bacia do Paraná, no sul, e a Bacia do Amazonas, no norte, lançavam suas águas no Oceano Pacífico. O grande deserto de Botucatu, que existiu no Mesozóico ocupando grande área do Brasil meridional, hoje está quase totalmente recoberto pelos derrames de lava basáltica da formação Serra Geral.  

Durante o Quaternário, o nível do mar na costa brasileira já esteve mais alto e mais baixo que o nível atual e  o Pará é um Estado rico em ouro sedimentar. 

 A mineração do Carvão em Santa Catarina enfrenta o problema da administração do rejeito que constitui três quartas partes do minério extraído.

Na província costeira do Rio Grande do Sul é possível mapear os depósitos correspondentes aos glaciais e interglaciais pleistocênicos.  


BIBLIOGRAFIA:

(CUNHA, 1998, p. 230).

(MAMIGONIAN, A. Gênese e Objeto da Geografia: passado e presente. In: Revista Geosul, v.18, n. 28. Florianópolis: EdUFSC, 1999, p.167-170.) 

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