ZONA URBANA E ZONA RURAL

                  

Com o advento da sociedade capitalista e com o aperfeiçoamento da maquinaria, muda não só a forma de organização da sociedade, mas também as relações sociais de produção, a concepção de homem, de trabalho e de educação.  Na sociedade organizada sob o modo de produção capitalista, a educação, segundo a ótica dominante, tem como finalidade habilitar técnica, social e ideologicamente os diversos grupos de trabalhadores, para servir ao mundo do trabalho e a concepção de educação que estamos preconizando fundamenta-se numa perspectiva crítica que conceba o homem na sua totalidade, enquanto ser constituído pelo biológico, material, afetivo, estético e lúdico.


  A Geografia é uma área de conhecimento comprometida em tornar o mundo compreensível para os alunos, explicável e passível de transformações. Neste sentido, assume grande relevância dentro do contexto dos Parâmetros Curriculares Nacionais, em sua meta de buscar um ensino para a conquista da cidadania brasileira. As temáticas com as quais a Geografia trabalha na atualidade encontram-se permeadas por essa preocupação. A Geografia traz conhecimentos que podem contribuir para os temas transversais, tais como trabalho e consumo, ética e pluralidade cultural.

  

É importante dizer, também, que a Geografia abrange as preocupações fundamentais apresentadas nos Temas Transversais, identificando-se, portanto, com aquele corpo de conhecimentos considerados como questões emergenciais para a conquista da cidadania. O estudo da geografia proporciona aos alunos a possibilidade de compreenderem sua própria posição no conjunto das interações entre sociedades humanas  e natureza.  

 

A criação dos Parâmetros Curriculares nacionais para a área de Geografia tinha como vistas nortear as práticas pedagógicas na instância escolar. Seus idealizadores sobressaltam o imbróglio ocasionado com a proposição de diversas abordagens metodológicas para o ensino de Geografia, resultantes do processo de mudanças da disciplina, sobretudo a partir da década de 1980. Dentre os problemas diagnosticados pelos idealizadores, destaca-se o abandono de conteúdos primordiais da Geografia, tais como as categorias de:  Nação, território, lugar, paisagem e região.

“A cidade ainda permanece um mercado unitário de trabalho e de habitação, por exemplo, mas só pode ser considerada como “sujeito coletivo unitário” do ponto de vista jurídico formal. Isso leva à definição de nó como “unidade físico-espacial”, “um sistema ambiental local dotado de sua própria coesão interna, graças à qual ele é capaz de participar de de uma coesão mais ampla em rede” É como se este nó fosse o elemento mais territorializado e, por isso mesmo, “controlado” da rede”. 

As redes se tornam mais desterritorializantes quanto mais elas são técnico-informacionais e imateriais, incorporando níveis tecnológicos que permitem a simultaneidade de informações;  Globais e hierárquicas, impondo a interdependência a nível planetário;  Ilegais ou clandestinas, pois encontram-se à margem dos controles politicamente dominantes.

“O mundo no final do século XX mostra diferentes organizações econômicas existentes que, de uma forma ou de outra,  contribuem para a aglutinação dos países na busca da integração de mercados e da redução de tarifas.” 

A economia brasileira vem passando por um importante período de crescimento ao longo dos últimos anos, no qual a dinâmica industrial tem grande participação. No entanto a indústria ainda enfrenta alguns problemas que atravancam seu crescimento, dentre os quais podemos destacar: barreiras tarifárias e não tarifárias impostas por outros países à importação de produtos brasileiros.

“O espaço urbano capitalista – fragmentado, articulado, reflexo, condicionante social, cheio de símbolos e campo de lutas – é um produto social, resultado de ações acumuladas através do tempo, e engendradas por agentes que produzem e consomem espaço.” 


A atuação do Estado se faz visando criar condições que viabilizem o processo de acumulação e a reprodução das classes sociais e suas frações. Os grupos sociais excluídos produzem seu próprio espaço tornando-se efetivamente agentes modeladores na maioria dos casos independentemente de outros agentes.  Aos proprietários dos meios de produção, o suporte físico e a presença de requisitos locacionais específicos às atividades são os papéis atribuídos à terra urbana.  A atuação espacial dos promotores imobiliários se faz de modo desigual, criando e reforçando a segregação residencial na cidade.  

Segundo Georges Benko (2002), a crise do fordismo em meados da década de 1960, teve como resposta, uma nova configuração do capitalismo, a que denominou momento da acumulação flexível.

Para Georges Benko (2002), a mundialização capitalista, evidenciada a partir da década de 1990, deve ser entendida como uma nova distribuição histórico-geográfica e político cultural das estratégias da divisão social do trabalho em nível global.


O fordismo se fundava no domínio absoluto da fábrica sobre a sociedade. Enquanto forma de organização típica da "produção em massa" (do modelo produtivo onde quem produz "sabe" ter à sua disposição um mercado quase ilimitado em que a oferta sempre será inferior à demanda), esta não devia "obedecer" ao ambiente externo, pelo contrario, podia permitir-se "modelá-lo". Definindo tipos de produtos e volumes de produção "autonomamente", exclusivamente baseados nos próprios parâmetros produtivos. A programação da empresa poderia, assim, pensar a sociedade como uma variável dependente, como objeto de programação, segundo a idéia de um fluxo linear que, dentro da direção da fábrica, do coração da produção, descenderia ao longo de todo o ciclo produtivo e daria, finalmente, forma ao mercado, “submetendo-o" à própria racionalidade técnica do mesmo modo como submetia a força de trabalho. Assim funcionava o fordismo: da fábrica para a sociedade, num fluxo de sentido único. A própria cidade fordista, a company town, não era mais que uma extensão da fábrica, seguia seus ritmos, seus horários, assumia seus estilos de vida e suas formas de domínio, um dos principais reflexos espaciais deste modelo produtivo do capitalismo é a formação de grandes aglomerações urbanas. 

No processo de evolução do capitalismo, a transição para o padrão de acumulação pós-fordista trouxe novas formas organizacionais e novas tecnologias produtivas. A aplicação das novas tecnologias contribuiu muito na superação da rigidez do fordismo. O aspecto que demonstra a rigidez do fordismo e a flexibilidade do pós-fordismo é a  produção estandardizada / trabalhadores polivalentes.

A boa fama dos carros fabricados pela Toyota sempre rendeu aos japoneses uma dose de autoestima. Porém, a empresa passou no ano de 2009 por uma turbulência que desencadeou um questionamento sobre um modelo produtivo considerado exemplar e que levou a Toyota à condição de maior montadora do mundo. Uma das características do toyotismo prega a produção de pequenos lotes de produtos variados.

Durante o século XX foram criadas diversas formas de organização do trabalho, que coexistem atualmente e têm como objetivo comum aumentar a produtividade para ampliar o lucro. Um determinado professor de geografia, ao trabalhar o tema, apresentou o seguinte quadro comparativo entre os modelos de organização industrial. Modelo Produção Processo de Trabalho Controle da Qualidade 

Fordismo -  Grande escala: o volume barateia o custo por unidade produzida, aumentando a produtividade e os lucros.  Linha de montagem em série; trabalho especializado. É realizado no final da produção com o apoio de sistemas de controle computadorizados. 

Toyotismo - Estoques mínimos: as quantidades são programadas de acordo com as encomendas dos consumidores, evitando‐se desperdício. Ilhas de produção; trabalho em equipe: os trabalhadores participam de todas as etapas de produção. Provém da experiência e da criatividade da equipe durante o processo de produção.

Toda a produção contemporânea pautada na padronização e n a repetição possui elementos d o fordismo. Exemplo disso são as redes de fast- food: o trabalho é todo padronizado, desde a matéria-prima até os uni formes d os funcionários; os salários são os m ais baixos dentro do ramo de atividade e o nível escolar exigido dos trabalhares é o menor possível; os equipamentos s ão dispostos próximos uns dos outros, para que o funcionário possa fazer m ais d e um a função; tudo é pensado, planejado e executado para que o lanche saia em até 1 minuto.

A a cumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões do desenvolvimento de sigual tanto entre setores quanto entre regiões geográficas; elas e apoia na flexibilidade dos processos de trabalho dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos , novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional.

O Estado está ativo no domínio das relações entre capital e trabalho. É bem possível que o Estado tenha mudado suas funções com o crescimento e o amadurecimento do capitalismo, no entanto a noção de que o capitalismo alguma vez funcionou sem o envolvimento estreito e firme do Estado é um mito que merece ser corrigido. Enfim, o desaparecimento da autoridade do Estado não é possível, por mais que a globalização avance em sua lógica de desregulamentação dos Estados nacionais.


                            A DIVISÃO DO TRABALHO ENTRE O CAMPO E A CIDADE

Muitos dos produtos consumidos na cidade vêm do campo.  É o caso dos alimentos como arroz, leite, feijão e muitos outros.  Esses alimentos, embora tenham sua origem no campo, são processados na cidade, ou seja, são beneficiados e embalados para o consumo.

Por razões de naturezas diferentes, o agronegócio brasileiro é sempre contemplado pela mídia no país. Sobre os aspectos que caracterizam o agronegócio no momento atual, está a  expansão da área ocupada pelo conjunto de atividades e do volume produzido se dá, inclusive, em regiões brasileiras onde os recursos hídricos disponíveis não recuperaram o nível dos últimos anos.

As inovações técnicas e organizacionais, n o campo da agricultura brasileira, ocorreram de forma mais rápida onde a produtividade s e mostrou mais articulada a o período técnico-científico-informacional.  A produtividade agrícola enquanto conceito resume-se na  capacidade de produzir em quantidade e qualidade cada vez maiores, a partir d a inserção de  técnicas e tecnologias impressas sobre a terra. O período técnico científico-informacional é sinônimo da velocidade, da articulação e das inovações técnicas e organizacionais que envolveram a produção do campo brasileiro.

Participação crescente na composição do Produto Interno Bruto nacional, na formação do superávit primário e no volume anual de mercadorias internacionalmente comercializadas.   Utilização de agrotóxicos em quantidades superiores às de outros países agro exportadores, avanço dos transgênicos em área plantada e no número de cultivos praticados.

                 

                 A DIVISÃO DO TRABALHO DENTRO DE UM PAÍS

Dentro de um país também temos uma divisão do trabalho.  Algumas áreas servem como produtoras de bens de consumo, enquanto outras fornecem produtos primários. Nos bens de consumo há mais trabalho que nos produtos primários, o que gera diferenças internas no território do país.  As áreas que fabricam bens de consumo concentram mais riquezas que as áreas que produzem produtos primários.

O Brasil tem apresentado resultados relevantes na produção de cultivos agrícolas para exportação ou matéria-prima industrial, porque a modernização da agricultura intensificou e diversificou a produção, garantindo produtos de melhor qualidade e preço para mercados cada vez mais exigentes e competitivos.

As exportações de grãos e outros cultivos in natura se chocam com os interesses da produção industrial e, mais ainda, de alimentos para o mercado interno.

A agroindústria surgiu inicialmente assentada na expansão das fronteiras agrícolas e acentuou-se com a modernização das técnicas de produção.  O complexo agroindustrial é um fenômeno relativamente contemporâneo, produzindo, além da matéria-prima, insumos, máquinas e processamento de alimentos, combustíveis e outros bens.

A indústria petroquímica é um dos pilares do sistema industrial moderno. Os produtos petroquímicos vêm substituindo com vantagens uma grande quantidade de matérias-primas, como madeira, vidro, algodão, metais e celulose. No Brasil, os principais polos petroquímicos são os de Camaçari, Bahia, o de Triunfo, no Rio Grande do Sul, o de São Paulo e o do Rio de Janeiro, em Itaboraí. A localização de um polo petroquímico leva em conta a proximidade com bacias sedimentares.

São características do cenário político-econômico da América do Sul, a desvalorização das commodities no mercado internacional reduziu o índice de expansão de economias emergentes regionais, refletindo sobre a capacidade de geração de emprego e o nível de satisfação das populações atingidas.

A fluidez do comércio no subcontinente se assenta sobre uma iniciativa conjunta de planejamento, que propõe a conexão de trechos rodoviário, ferroviário e fluvial, e estabelece eixos que, em alguns casos, ligam o oceano Atlântico ao Pacífico.   O desrespeito aos direitos civis e às liberdades individuais enfraquecem as instituições democráticas em países marcados por estagnação, retrocessos econômicos e uma história marcada por governos de exceção.

O Brasil está inserido no cenário mundial como um país ainda especializado na exportação de produtos intensivos em recursos naturais e em mão-de-obra. Nos últimos anos, ocorreram importantes mudanças na composição das exportações do país em direção a determinados bens de maior intensidade tecnológica.

O desempenho geográfico das exportações brasileiras foi melhor nos mercados consumidores de maior dinamismo, como a China.

O aumento das áreas cultivadas no país e os investimentos na pesquisa genética e na mecanização das lavouras explicam o aumento da produção brasileira de soja.






                            A DIVISÃO DO TRABALHO ENTRE OS PAÍSES

 A divisão do trabalho no mundo envolve tantos países, que se passou a chamá-la  de globalização.


                      A GLOBALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO


Alguns dos produtos que conhecemos são produzidos de maneira global, isto é, as partes são fabricadas em países diferentes e levadas para aquele no qual é montado o produto final.  Poe exemplo: um computador pode ter seu chip produzido no Japão, enquanto que o gabinete, o teclado e o monitor podem ser fabricados no Brasil.  Um automóvel também é um bom exemplo de globalização.  Temos o projeto desenvolvido em um país, as partes produzidas em outros e a comercialização se dando para todo o mundo.  Em geral, os projetos, as ideias que vão resultar em novos produtos são gerados em países que têm um grande número de cientistas e técnicos, como o Japão, os EUA e a Alemanha.  Estes países investem maciçamente em C$T e educação.

Alguns países fabricam aquilo que é criado em outros países.  O Brasil, por exemplo, monta automóveis projetados em outras partes do mundo.  O consumo do produto pode se dar até mesmo em um país que não participou da produção.  Na globalização, parte da riqueza gerada em um país é transferida para o país que criou o produto.  A globalização gera um fluxo de dinheiro muito grande entre os países.

                                      Outras formas de globalização

A globalização não ocorre apenas na produção industrial.  Temos outras situações em que ela se manifesta, como no mercado financeiro.  

Dentre outras modificações nas relações sociais de produção, recentemente, o fordismo passa a adquirir formas híbridas ou a ser trocado por processos mais flexibilizados de trabalho e produção, e surge um modelo mais atento às novas exigências do mercado que busca integrar inovação, competitividade e produtividade. Muitos historiadores e cientistas sociais afirmam que, especialmente após os anos 80 do século passado, vivemos um novo ciclo de expansão do capitalismo e inauguramos um também novo processo civilizatório de alcance mundial.

O processo de globalização surgiu na transição do século XIX para o XX como forma de atender ao capitalismo e, principalmente, aos países desenvolvidos frente às demandas oriundas das transformações das relações de trabalho que ecoam desde a revolução Industrial, no século XVII.

No mundo globalizado, diversas empresas adotam a estratégia do marketing verde como uma alternativa para mostrar que os seus produtos ou serviços apresentam benefícios ou ausência de malefícios ao meio ambiente, a partir da forma como são produzidos ou da postura geral da empresa em relação ao meio ambiente.  Marketing verde, também conhecido como marketing ambiental e eco marketing, é uma estratégia d e marketing que focaliza os benefícios (ou a ausência de malefícios) dos produtos, do m odo de produção, ou d a postura e m geral da empresa em relação ao meio ambiente.

Milton Santos afirma que, com a globalização do mundo, as possibilidades de um trabalho interdisciplinar tornaram-se maiores e mais eficazes, na medida em que à análise fragmentadora das disciplinas particulares pode mais facilmente suceder um processo de reintegração ou reconstrução do todo.  O espaço tem papel privilegiado nos estudos interdisciplinares, pois cristaliza os momentos anteriores, além de ser o lugar de encontro entre o passado e o futuro a partir do presente que ali ocorre por meio das relações sociais.

Os avanços tecnológicos e das comunicações acentuam o processo de globalização e estimulam os intercâmbios comerciais.

A cobiça desenfreada por recursos minerais e agrícolas incentiva a China a ampliar, cada vez mais, seus interesses comerciais com o Brasil.

O poder de influência dos Estados Unidos nas relações de importação / exportação dos produtos brasileiros domina os intercâmbios comerciais do país.  O intercâmbio entre Brasil e África apresenta disparidades acentuadas entre nações africanas, cujas estratégias podem favorecer ou restringir a acessibilidade a seus mercados.

Um dos aspectos mais proeminentes do mundo globalizado e da atual ordem mundial é a formação dos acordos regionais, mais conhecidos como blocos econômicos, que, ao invés de se estabelecerem como um contraponto à integração mundial da globalização, atuaram no sentido de intensificá-la. Hoje em dia, existem diferentes tipos de blocos econômicos que se organizam em diferentes denominações e níveis de integração entre os seus países-membros. Cada modalidade equivale a um grau de comprometimento maior de soberania e cabe aos membros do bloco decidir qual nível é o mais adequado.  A atual, modalidade de blocos econômicos, segundo o nível de integração, é a zona de preferência tarifária, zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica e monetária.

 A cidade global  que se torna realidade no final do século xx é a que se produz como condição e resultado da globalização do capitalismo.  Sobre as cidades globais uma de suas características é a economia pós - industrial, pois desempenham funções de controle e gerenciamento das corporações transnacionais.  Estão associadas à capacidade econômica nacional e aos seus vínculos externos, polarizando espaços continentais e extra- continentais.

Discutindo a globalização, Octavio Ianni salienta a existência de uma nova divisão transnacional do trabalho que apresenta como uma de suas características a combinação e/ ou substituição do sistema fordista pela flexibilização dos processos de trabalho e produção.

“O território constitui peça-chave para a reprodução do capital que, se hoje em dia exige ser globalizado, necessita também de ancoragens físicas para os empreendimentos produtivos, ao mesmo tempo em que requer uma fronteira em constante movimento que atenda às contínuas transformações nas condições de sua reprodução [...]” (ALBAGLI, 2004, p.63-64). 

A força da ideologia economicista pode chegar a comprometer seriamente a consistência das iniciativas em curso – ainda muito embrionárias – de construção e  consolidação institucional de territórios sustentáveis no país.

“Diante do que é o mundo atual, como disponibilidade e como possibilidade acreditamos que as condições materiais já estão dadas para que se imponha à desejada grande mutação, mas seu destino vai depender de como disponibilidades e possibilidades serão aproveitadas pela política. Na sua forma material, unicamente corpórea, as técnicas talvez sejam irreversíveis, porque aderem aos territórios e ao cotidiano. De um ponto de vista essencial, elas podem obter um outro uso e uma outra significação. A globalização atual não é irreversível” (SANTOS, 2003, p.173- 174). 

A globalização como fábula, a globalização como perversidade e “por uma outra globalização” (como ela deveria ser).  Na visão do geógrafo Milton Santos, ele aborda sobre as "formas de globalização."  Ou seja globalização nas suas mais diversas formas.

A acelerada inovação tecnológica, uma das condições básicas da globalização, permite que os produtos sejam constantemente renovados e superados. Paralelamente a esse processo, porém, a mundialização e o desenvolvimento da fábrica e das sociedades globais levaram à conscientização ecológica. Em todos os níveis, o homem tem percebido as profundas transformações ocorridas no meio ambiente.

 

Uma das lógicas do mundo globalizado é a fusão de empresas. Assim, nos últimos anos, nos habituamos a tomar conhecimento de megafusões através da mídia como: “InBev leva dona da Budweiser por US$ 52 bi” – Negócio cria a maior cervejaria do mundo, com receita anual de US$ 36 bilhões. “Arcelor diz 'sim' à Mittal” – Siderúrgica indiana compra concorrente por 25,6 bilhões de euros, criando gigante global do aço. “Compra da Gillette pela Procter & Gamble forma companhia com dois terços do mercado global.” “Megafusão une grifes esportivas: Líder na Europa, alemã Adidas pagará 3,1 bilhões de euros (quase R$ 8,8 bilhões) pela americana Reebok.” Além de assegurar o domínio do segmento em que atuam, a opção que assinala corretamente o outro objetivo dessas megafusões é reduzir custos operacionais e trabalhistas.

“O que chamo de a mais nova divisão internacional do trabalho está disposta em quatro posições diferentes na economia informacional/global: produtores de alto valor com base no trabalho informacional; produtores de grande volume baseado no trabalho de mais baixo custo; produtores de matérias-primas que se baseiam em recursos naturais; e os produtores redundantes, reduzidos ao trabalho desvalorizado. A localização vantajosa desses diferentes tipos de trabalho também determina a prosperidade dos mercados”. De acordo com Manuel Castells, os conhecimentos sobre as várias etapas da divisão internacional do trabalho variam e a grande diferença da atual para explorar milhares de pessoas que ficam fora dos fluxos globais.

Nas economias modernas, regras claras e estáveis e vigilância permanente são pilares para o funcionamento equilibrado dos mercados e para a atração dos investimentos. São elas que protegem a economia das oscilações inerentes ao mundo da política. No Brasil, a regulação de muitos setores ainda está bem longe do desejável, o que acaba inibindo o potencial de crescimento das empresas e do país, a falta de regulação e a solução que deve ser adotada é o monopólio dos gasodutos pelo Estado / permissão de acesso a outros usuários.

Em 2009, os exportadores brasileiros viram a rentabilidade de suas vendas cair com força, embarcaram um volume menor de produtos e conviveram com preços deprimidos durante todo o ano passado. Apesar da crise econômica internacional, outro fator contribuiu para a queda na rentabilidade das exportações. Isto aconteceu devido o Real valorizado que encareceu os produtos.

O Terceiro Setor é uma terminologia de divisão da sociedade. No Brasil, as atividades desenvolvidas pelo Terceiro Setor agregam mais de 12 milhões de pessoas e corresponde a aproximadamente 1,2% do PIB. Nos Estados Unidos, recebe o nome de Advocacy Groups, ou seja, grupos políticos que lutam por uma causa.  O terceiro setor são organizações sem fins lucrativos, voltadas para o desenvolvimento socioeconômico.

No inverno de 1978/79, Washington (DC) é tomada por uma “parada de tratores” promovida por agricultores (farmers) norte-americanos, ligados ao “American Agricultural Movement” (AAM). Esta grande manifestação protestava contra os baixos preços dos produtos agrícolas (Burbach e Flynn, 1982). Em abril de 1997, Brasília (DF) é inundada por uma passeata com cerca de 40.000 trabalhadores rurais ligados ao “Movimento dos Sem Terra” (MST) que, vindos a pé, de diversos pontos do território brasileiro, reivindicavam a efetivação da reforma agrária. Nos Estados Unidos, os agricultores lutavam pela sobrevivência da tradicional agricultura familiar, até então o esteio do sistema agrário do país. No Brasil, luta-se, ainda, pela propriedade da terra por parte, principalmente, dos pequenos produtores que foram expropriados dos meios de produção. Estes dois eventos, à primeira vista desconectados entre si no tempo e no espaço, ilustram os efeitos perversos do avanço das relações capitalistas no campo que ocorrem em escala planetária. 


 BIBLIOGRAFIA


 ( www.mec.gov. br - PCN de Geografia, pág. 26 com modificações ) 

Adaptado de: Revista geo-paisagem (on line) Ano 5, nº 9, 2006 Janeiro/Junho de 2006


(Fonte: Revelli, Marco at alli. OITO HIPÓTESES SOBRE O PÓS - FORDISMO. IN: http://www.geocities.com/autonomiabvr/8hip.html)


(CORRÊA, R. L. A rede urbana. São Paulo: Ática, 1989)


CASTRO, I.E. et al. (orgs). Geografia: conceitos e temas. São Paulo, Bertrand Brasil, 1995. 


SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. 174 p.

ALBAGLI, S. Território e territorialidade. In: LAGES, V. N. et al. (Orgs.). Territórios em movimentos: cultura e identidade como estratégias de inserção competitiva. Rio de Janeiro: Relume Dumará/Brasília: Sebrae, 2004.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FRASE - TIPOS DE FRASE

A voz do próximo (Lygia Fagundes Telles)