FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
Tendo em vista a LDB 5692/71, gestada durante o regime militar, que preconizava a educação para o mundo do trabalho e a LDB 9394/96, que preconiza uma formação voltada para a cidadania, a LDB 9394/96 não exclui uma formação técnica para o jovem se inserir no mercado de trabalho, mas alia a essa formação os conteúdos necessários para o exercício da cidadania e é possível descortinar pela LDB 9394/96 que, no bojo das lutas democráticas contemporâneas, um país deve se formar, primeiramente, por cidadãos e não apenas pela mão de obra altamente qualificada disponibilizada ao mercado.
Apesar de não gozar de um status social relevante nos dias atuais, o professor ainda ocupa a função política de intermediador cultural para o povo.
Não é possível fazer uma reflexão filosófica de qualidade e repercussão ignorando a tradição do pensamento filosófico de que o educador deve partir da realidade cultural, social e econômica do educando, para elaborar suas estratégias de ensino e aprendizagem que apesar das carências culturais do educando, a formação escolar deve agregar valores e saberes.
A pesquisa filosófica deve se pautar em práticas enfocadas, simultaneamente, como tipo tecnológico de racionalidade e jogos estratégicos de liberdade e a filosofia tem sua importância, na medida em que municia o estudante de instrumentos para a reflexão.
A volta do ensino de Filosofia vem preencher uma lacuna herdada do período da ditadura militar, caracterizada por seu obscurantismo e permitir a disseminação e democratização do conhecimento, rompendo com o elitismo ou a aristocratização do saber, característica do mundo livresco. possibilitar a rápida superação das fronteiras do conhecimento, pois um número maior de pessoas podem acessar, debater e reformular os conhecimentos. qualquer informação é melhor do que informação nenhuma a informação é um dado para o conhecimento, mas não é o conhecimento em si. A ampliação do acesso à informação que ocorreu nas últimas décadas, no qual se verifica uma aceleração vertiginosa do volume de informações disponíveis a qualquer sujeito, leva-nos a refletir sobre o impacto dessas informações para o homem.
Podermos observar no Brasil uma crescente participação das mulheres na economia, no governo e nas esferas decisórias de um modo geral. Porém, estamos muito distante da situação ideal, visto que as mulheres não perfazem uma participação proporcional numericamente. Isso nos leva a questionar a que se deve essa baixa participação. Conforme as análises de Quentin Skinner, Phillip Pettit, Carole Paterman, que fazem essa crítica tentando conciliar o republicanismo, o feminismo e o acesso às instituições, poderíamos afirmar que uma reflexão filosófica que busca superar esse quadro deveria se pautar por refletir e discutir a participação política para além da questão de gênero e pensar no modo de organização e abertura das instituições políticas em face das demandas do cidadão. Tendo em vista as críticas de Adorno sobre a educação, problema este que gerou Auschwitz, e transpondo-as para o nosso tempo podemos afirmar que a educação e o esclarecimento ainda podem evitar o aparecimento de genocidas e a afetividade, paciência e tolerância não são demonstrações de fraqueza.
Resistir ao medo, não demonstrar a dor, enfim, ser rijo, não implica necessariamente em uma boa formação e a exteriorização do medo e da dor deve ser valorizada na formação do indivíduo.
A relação processo educativo, civismo e moralidade, segundo Rosseau mostra que a educação fornece os subsídios morais para o novo cidadão e a ação política exige uma formação moral que é dada pela educação. No pensamento rousseauniano a educação está intimamente vinculada ao projeto cívico pois a criança para Rousseau é uma espécie de pequeno homem e não um homem incompleto e a educação retira o homem do estado de natureza e o torna membro da sociedade civil.
O esclarecimento se alicerça na decisão do indivíduo em transpor sua vontade em deliberar por si mesmo o problema para o entendimento não está na esfera da razão, mas na ausência da firme determinação em buscar o conhecimento por si mesmo. a menoridade racional é uma segunda natureza para o homem, que aceita a dominação racional por outro.
A cidadania pressupõe uma certa Paideia ou formação que leve em consideração os aspectos físicos e intelectuais. A palavra grega Paideia, que pode ser traduzida tanto por formação quanto por educação ou conhecimento, teve várias interpretações ao longo da História da Filosofia. Mas segundo Werner Jaeger podemos afirmar que paideia constitui-se na formação integral do homem, levando em consideração seus aspectos físicos e intelectuais. Paideia não pode ser vista apenas como educação racional ou exercício do logos, mas como um processo que leva em consideração todos os demais aspectos do homem.
As doutrinas filosóficas fornecem o suporte teórico para as reflexões sobre os fundamentos da educação, obrigando uma constante visita aos textos clássicos da filosofia. Conforme Merleau-Ponty, não existe passado para a filosofia, todas as filosofias, se são filosofias, dialogam numa mesma temporalidade, o que possibilita uma franca troca entre as teorias da educação e as diversas doutrinas filosóficas.
O mestre é aquele que mostra o caminho do conhecimento, mas que não o tem consigo pois o mestre é o exemplo de que a aquisição do conhecimento é algo em permanente construção e neste processo do conhecimento é importante a confluência da doação do mestre em mostrar o caminho e a vontade do discípulo em buscar a verdade. Nas modernas pesquisas sobre o papel e o lugar dos Sofistas na filosofia grega, principalmente depois dos trabalhos pioneiros de William Guthrie, a valoração desse personagem tem se alterado, principalmente no que tange à critica aos limites da dialética na obtenção da verdade.
Os sofistas, apesar de serem criticados durante muito tempo nos diversos autores da História da Filosofia, constituíram-se em personagens indispensáveis para o questionamento do processo do conhecimento e os sofistas, com seus questionamentos pertinentes, apresentam os limites da dialética no seu afã de busca da verdade e no processo de conhecimento denominado maiêutica, a pergunta e a resposta têm importância equivalente.
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