O PROCESSO DE SURGIMENTO E DE FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA


 Augusto Comte é tradicionalmente considerado o pai da Sociologia, visto que foi ele que pela primeira vez usou essa palavra em 1839, no seu curso de Filosofia Positiva. Mas foi com Emile Durkheim que a 

Sociologia passou a ser considerada uma ciência e como tal se desenvolveu, de acordo com Octavio Ianni, a ideia de Sociologia é contemporânea da ideia de modernidade. Ambas nascem na cidade, o positivismo como escola filosófica derivou do cientificismo e foi ele o primeiro a sistematizar o pensamento sociológico, reconhecendo a existência de princípios reguladores do mundo físico e do mundo social.  A sociologia surgiu como uma tentativa de entender as mudanças que ocorreram principalmente nas sociedades ocidentais a partir da desestruturação da sociedade feudal.

O lema “Ordem e Progresso” define um conjunto de preceitos positivistas que sublimam a organização técnico-industrial.  O lema “Ordem e Progresso” assevera que a evolução da humanidade está associada ao progresso técnico-científico.

                                                

                                                      INDIVÍDUO E SOCIEDADE


As teorias sociológicas buscam explicar: como ações individuais podem estar relacionadas com outras ações; como as regras de ação coletiva são internalizadas pelo indivíduo; ou ainda como práticas coletivas definem grupos sociais.  Para a Sociologia, o homem, assim como as demais espécies animais, apresenta atitudes instintivas e não-instintivas.  Constitui-se um pressuposto da explicação sociológica a compreensão de que o homem é um animal que necessita de aprendizado para adquirir a maior parte de suas formas de comportamento, haja vista que, para se tornar humano, o homem tem de aprender com seus semelhantes um conjunto de atitudes que não aprenderia no isolamento.

Por socialização, sociologicamente, entendemos que é o principal canal para a transmissão da cultura através do tempo e das gerações.


                                                     CULTURA E SOCIEDADE


Com o processo de globalização, a diversidade cultural que realça aspectos étnicos e nacionais de países e regiões diferentes é confrontada cotidianamente pelo conjunto de relações que ocorre entre as fronteiras nacionais. 

Os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos flexibilizaram a urgência da implantação de uma ordem liberal global em prol de uma “guerra global” contra o terror que acirrou ainda mais o etnocentrismo ocidental.  A globalização é um movimento transnacional que aprofunda a integração cultural. 

Autores como Anthony Giddens e Manuel Castells têm mostrado que a sociedade, ao caminhar no sentido de enfraquecer substancialmente suas instituições – o Estado, a Igreja, os partidos políticos etc – tem convivido com uma cultura de massa que padroniza o imaginário das pessoas de forma global.

 A sociedade contemporânea tornou ineficazes as formas tradicionais da cultura pelas quais se construíram as identidades de grupos e individuais, tais como: o ofício ou profissão, o regionalismo e o nacionalismo.  Mesmo na sociedade que se massifica, se padroniza e se assemelha, tem-se grupos que procuram se distinguir do conjunto da população, no sentido de que quanto mais a sociedade se massifica, mais os grupos sociais buscam sua originalidade.  A expansão colonialista, o desenvolvimento do capitalismo e a globalização, que lhes foi consequência, terminaram por aproximar os modos de vida, atingindo os processos indenitários.  O atual fluxo de negócios entre as diferentes nações têm provocado mudanças culturais e sociais tornando o sistema internacional mais interdependente.


                 A CONTRIBUIÇÃO DOS CLÁSSICOS PARA A ANÁLISE DA SOCIEDADE


Pode-se afirmar que a posição epistemológica adotada por Karl Marx foi o materialismo dialético, por Emile Durkheim foi o realismo científico e por Max Weber foi o idealismo científico.  Para Max Weber, a Sociologia tem como objeto de estudo a ação social imbuída de sentido que os indivíduos lhe atribuem numa escala de valores sociais.

Para Émile Durkheim, a sociedade é um organismo em adaptação, pois parte do princípio de que o objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da sociedade e de que essa harmonia é conseguida pelo consenso social.


                          A PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA DE ÉMILE DURKHEIM


Para o sociólogo Émile Durkheim, o fato social provém da vida em sociedade. Sendo assim, o sexismo pode ser apresentado como um fato social, pois é coletivo, coercitivo e exterior ao indivíduo.

Um dos estudos mais famosos de Émile Durkheim ocupava-se da análise do suicídio. Sobre tal estudo, afirma-se que o  suicídio, mesmo sendo um ato altamente pessoal, é influenciado pelo mundo social.


                             A PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA DE MAX WEBER


Considerando o contexto histórico brasileiro da primeira metade do Século XX e a formulação weberiana de tipo ideal de dominação legítima, assinale a opção correta para os tipos de dominação exercida por Getúlio Vargas foi a  dominação carismática e tradicional.


O surgimento da sociedade moderna pode ser compreendido a partir do momento em que as pessoas começam a se afastar das crenças tradicionais fundadas em supertição, na religião, nos costume e em hábitos arraigados.  O desenvolvimento da ciência, da tecnologia moderna e da burocracia é o que Weber descreve coletivamente como racionalização. A consequência da racionalização esmagaria o espírito humano ao tentar regular todas as esferas da vida social.  A racionalização nada mais é do que a organização da vida econômica e social de acordo com os princípios de eficiência e tendo por base o conhecimento técnico.


                             A PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA DE KARL MARX


Na teoria marxista, as classes sociais e os indivíduos têm a mesma importância analítica, à medida que as classes são formadas por indivíduos.  A realidade social é composta por indivíduos concretos em suas condições sócio - históricas.  As classes sociais são o ponto de partida da teoria marxista para a explicação da realidade social.

A transformação do trabalho em mercadoria está relacionada ao processo de alienação ao qual é submetido o trabalhador assalariado.  As relações sociais de produção são marcadas pela oposição, exploração e interdependência e as classes sociais não apresentam apenas uma diferente quantidade de riqueza, mas também de posição, interesse e consciência diversa.


                                 ESTRATIFICAÇÃO E DESIGUALDADE SOCIAL


Segundo a teoria marxista, a estratificação social é resultante do processo de organização material da produção.


Livre iniciativa no campo econômico; trabalho separado da casa, que perde o caráter de unidade de produção; emprego de mão de obra especializada - refere-se à divisão social em classes;

Base religiosa (crença na origem divina da divisão e da organização social); punição ou prêmio na reencarnação; endogamia; caráter hereditário e reconhecimento da legitimidade do regime por parte de todas as camadas sociais - refere-se à divisão social em castas.

Há um princípio de desigualdade natural e hereditária; são os direitos e costumes que sancionam e consagram os privilégios próprios a cada grupo particular; O conceito sociológico de estratificação social serve para descrever as desigualdades que existem entre os indivíduos e grupos sociais - refere-se a uma sociedade estamental.


                   A EDUCAÇÃO COMO OBJETO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA


O desenvolvimento da sociologia ampliou a compreensão da escola como grupo social complexo e da educação como processo de perpetuação e transformação da sociedade. A partir de tal compreensão, a educação é um processo social através do qual a sociedade sistematiza a transmissão de sua herança cultural garantindo assim a continuidade da espécie humana como tal.

São objetivos da educação: a transmissão da cultura; a adaptação dos indivíduos à sociedade, o desenvolvimento de suas potencialidades e da sociedade por desdobramento e o que integra o indivíduo na sociedade e no grupo social em que vive é o patrimônio cultural que ele recebe pela educação.  Para Durkheim, educação é socialização.

Olhar a educação de um ponto de vista sociológico significa compreender que, se a pedagogia é o fundamento das práticas educacionais, as crenças, os valores e as normas sociais são os fundamentos da pedagogia.


SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO: SOCIOLOGIA NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN'S).


Segundo o documento Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), o objetivo de se estudar Sociologia no Ensino Médio é justamente oferecer ao aluno(a) uma visão mais ampla dos processos que interferem na dinâmica da manutenção ou mudança das estruturas sociais, que consolidam ou fragmentam o controle social. Assim sendo, cabe ao professor (a) em sala de aula oportunizar  A discussão das questões centrais que foram abordadas pelos três clássicos do pensamento sociológico – Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber – no intuito de promover uma reflexão em torno da permanência dessas questões até os dias atuais, inclusive avaliando a operacionalidade dos conceitos e categorias utilizados por cada um desses autores para a compreensão da complexidade que identifica a sociedade contemporânea.  Ao educando (a), pela via do conhecimento sociológico sistematizado, a construção de uma postura mais reflexiva e crítica diante das questões sociais, compreendendo melhor a dinâmica da sociedade em que vive e assim possibilitar a sua percepção como um sujeito ativo dotado de força política.  A compreensão e a avaliação do impacto da reestruturação do mundo do trabalho nas suas próprias vidas, a repercussão dessas transformações dentro de sua família e na sociedade como um todo.

O conhecimento e a explicação da sociedade passam pela compreensão das diversas formas pelas quais os seres humanos vivem em grupos, das relações que se estabelecem no interior desses mesmos grupos e das que ocorrem entre diferentes grupos, bem como as consequências dessas relações para indivíduos e coletividades.

Na construção dos conteúdos de Sociologia no Ensino Médio revela-se fundamental o trabalho do docente, no sentido de garantir ao aluno (a) não só o arsenal teórico-metodológico da área, mas também um conjunto de competências e habilidades a serem desenvolvidas ao longo da disciplina. Ao relacionar competências, habilidades, representação e comunicação: produzir novos discursos sobre as diferentes realidades sociais, a partir das observações e reflexões realizadas. Contextualização sociocultural: compreender as transformações no mundo do trabalho e o novo perfil de qualificação exigida, gerados por mudanças na ordem econômica.  Investigação e compreensão: compreender e valorizar as diferentes manifestações culturais de etnias e segmentos sociais, agindo de modo a preservar o direito à diversidade, enquanto princípio estético, político e ético que supera conflitos e tensões do mundo atual.

O processo de globalização tem provocado mudanças sociais que vem alterando a difusão de conhecimentos e a forma de ensinar.

“A Sociologia moderna se configurou como um campo de conhecimento com métodos e objeto próprios a partir da obra realizada, sobretudo, por Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber.”

 A perspectiva sociológica considera que: I- os valores e as instituições sociais são resultado da interação humana os valores, as ideologias e os conflitos permeiam os estudos sociológicos.

Para Émile Durkheim (1858-1917), a ciência deveria explicar e não prescrever remédios para solucionar as questões sociais. Isto era pertinente à filosofia, a qual procurava entender a natureza humana. Do ponto de vista filosófico, tudo o que estivesse de acordo com esta natureza era considerado bom e tudo o que não estivesse era considerado ruim. Durkheim acreditava que o conhecimento sociológico deveria vir da observação empírica da realidade. Portanto, para este autor, o objeto da Sociologia é  o fato social, exterior e coercitivo em relação à vontade dos indivíduos pois a função social da divisão do trabalho é  a produção da solidariedade entre os indivíduos, possibilitando a coesão e a integração social.

“Na antiga Roma, os únicos indivíduos submetidos ao tripallium, instrumento de tortura com três pontas, eram os presos e os escravos. Há estudiosos que afirmam que tripallium deu origem à palavra trabalho. Na Idade Média, o significado de trabalho continuava relacionado de alguma forma com o sofrimento. Hoje, há estudos que indicam que uma parcela considerável da humanidade está sendo cada vez mais marginalizada e excluída do mercado de trabalho, em parte pelo avanço das tecnologias de informação e comunicação.” É característica do trabalho no capitalismo contemporâneo, o trabalhador vender sua força de trabalho mediante o recebimento de um salário e o uso da tecnologia no processo de trabalho, os empresários instituírem estratégias organizacionais para aumentar a produtividade.


“O avanço do capitalismo como modo de produção dominante na Europa ocidental foi desestruturando, com velocidade e profundidade variadas, tanto os fundamentos da vida material como as crenças e os princípios morais, religiosos, jurídicos e filosóficos em que se sustentava o antigo sistema.” Na Europa, o desenvolvimento capitalista do início do século XVIII teve como consequência o crescimento acelerado e desordenado das cidades e a urbanização da paisagem social, o aumento da pobreza, do alcoolismo, da violência e da promiscuidade no ambiente urbano.

A sociedade utiliza os símbolos sociais para promover a conformidade de seus membros aos seus padrões de valor.  O indivíduo baseia-se nos seus valores, socialmente aprendidos, para avaliar o que é certo ou errado, bem ou mal, honrado ou corrupto.  Normas e costumes asseguram a regulamentação da vida dos indivíduos e grupos na sociedade os valores sociais variam de acordo com os costumes e as crenças de um povo.  

Com relação à estratificação social,  o consumo se dá de forma diferenciada e de acordo com as classes de cada sociedade.

Na perspectiva de Max Weber, a estratificação social é compreendida analiticamente a partir de três dimensões, cada uma com sua hierarquia própria. Estas dimensões são: econômica (classe), de status e política.

“A lei, no sentido mais amplo da palavra, a epítome de todas as normas e sanções, inclusive as que não estão codificadas, é, simultaneamente, a condição necessária e suficiente da desigualdade social.” A desigualdade social está intrinsecamente ligada à norma, à sanção e ao poder.  Um grupo é uma unidade constituída por indivíduos. Para a sociologia os grupos nascem porque os homens, por sua natureza, perseguem objetivos e esses objetivos nunca podem ser alcançados no completo isolamento  um grupo, independentemente de seus efetivos numéricos, tem um ou vários objetivos, que definem a adequação dos meios aos fins e um grupo faz parte de um sistema social que age sobre ele com uma pressão que pode favorecer ou prejudicar o próprio objetivo do grupo pois um grupo de pressão é uma coligação ocasional ou permanente formado por atores sociais, que visa obter do poder constituído isenções e privilégios.

O direito refere-se sempre, direta ou indiretamente, a situações conflitantes, ou seja, situações em que o processo de conflito esteja presente, atual ou potencialmente. O direito é um sistema de normas que tem por objetivo assegurar que os comportamentos sociais se ajustem às expectativas sociais. Portanto, podemos afirmar que a norma jurídica dispõe de força coativa e pode ser imposta à obediência da sociedade e se configura de acordo com o contexto cultural em que a mesma é elaborada dessa forma um comportamento costumeiro que se projeta no tempo mesmo após a revogação da norma e da sua substituição por outra existe relação entre a conjuntura global e a normatividade jurídica  é um instrumento institucionalizado de controle social.


A cultura representa a criatividade histórica de um povo, que se manifesta tanto nas suas produções materiais quanto simbólicas.

O relativismo cultural adota o ponto de vista que uma cultura só pode ser considerada dentro do contexto de suas próprias tradições e lógicas culturais a unidade da espécie humana é tomada hoje como consenso nos estudos antropológicos.  Na sociologia, o movimento de pessoas que passam de uma categoria social para outra – os mais típicos são os movimentos entre classes sociais – é denominado de mobilidade social.  A contexto cultural do qual o indivíduo faz parte interfere na sua forma de ver o mundo.

Max Weber, em seu livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, aponta princípios definidores de uma ética do trabalho no modo de produção capitalista. Estão relacionados com esses princípios,  a busca individual do sucesso, a capacidade e o desejo de postergar prazeres imediatos (gratificação adiada) com o objetivo de acumular virtude e dinheiro  a aceitação moral de trabalhar diligente e disciplinadamente a obediência e a sensação de dever para com as ordens do patrão.

“O toyotismo sistêmico tendeu a disseminar-se não apenas no core das corporações industriais e de serviços, mas na borda periférica do sistema industrial e de serviços, através das suas redes de subcontratação, constituídas por médias e pequenas empresas. A prática da terceirização, que teve um impulso notável na década passada, contribuiu para a constituição ampliada de redes de subcontratação.”  “[...] Em 2001, a Volkswagen do Brasil anunciou, por exemplo, a terceirização do setor de logística operacional da suas fábricas de São Bernardo do Campo (SP) e Taubaté (SP).” 

O termo subcontratação se refere ao recurso gerencial pelo qual uma empresa contrata uma outra unidade empresarial para execução de atividades auxiliares à produção (higiene, limpeza) ou para realização de tarefas relativas à atividade-fim.  A subcontratação só pode ser considerada terceirização quando o produto/serviço referir-se à atividade-fim da empresa contratante.  A terceirização é um fenômeno recente, vinculado à produção flexível, que emergiu a partir da crise/esgotamento da chamada produção de massa.  Denomina-se de terceirização a forma de subcontratação através da qual uma empresa transfere parte de seu processo produtivo, especificamente da atividade-fim, para outra unidade empresarial.

“A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa. Este é um processo dialético porque tais acontecimentos locais podem se deslocar numa direção inversa às relações muito distanciadas que os modelam. A transformação local é tanto uma parte da globalização quanto a extensão lateral das conexões sociais através do tempo e espaço."  Com relação ao processo de globalização provoca a desregulamentação dos mercados financeiros, de comunicações e de transportes.

A ética que adota o fundamento kantiano de respeito pelas pessoas e de acordo com a qual as pessoas devem ser tratadas “sempre como fins em si mesmas e nunca como meios” é denominada de  ética baseada em direitos.  

A socialização é o processo pelo qual os seres humanos adotam padrões de comportamento, normas, regras e valores sociais.

“O ponto de partida dos estudos relativos à burocracia é a reflexão de Max Weber sobre a evolução da burocracia como forma de organização nas sociedades moderna...”  A existência de um corpo de regras impessoais que delimitam claramente as esferas de competência, os direitos e os deveres de cada um  a existência de uma hierarquia de funções, isto é, de vínculos de subordinação claramente estabelecidos.  o predomínio do procedimento escrito no cotidiano da organização pública ou privada  fixar regras e normas técnicas que regulem as ações dos ocupantes de cada cargo, cujas atividades são executadas de acordo com rotinas e procedimentos.

“O terceiro setor é um campo de atividade econômica que procura adaptar-se e reagir às pressões da concorrência e da competição geradas pela regulação do Estado, do mercado, da economia informal e da economia doméstica. De outro, é um setor que procurou, historicamente, constituir-se como uma alternativa ao Estado e ao mercado e que, hoje, procura novamente reconstruir essa missão, impulsionado que é pelas mudanças profundas em nível da organização do trabalho, da produção, da distribuição, da troca e do consumo de bens e serviços com características imateriais.” 

Busca o fim da oposição entre produtores e consumidores, cuja identidade entre eles se torna possível, desde que as suas relações estejam incorporadas em uma rede social baseada numa solidariedade e reciprocidade sistemáticas.  Caracteriza-se por possuir uma estrutura institucional, ter caráter privado, não gera lucros ou dividendos, tem autonomia e controle das suas atividades e pode usufruir da participação de trabalho voluntário.  Sua finalidade é produzir um dado bem ou serviço sem que haja o objetivo explícito de enriquecimento ou de distribuição de lucros para quem integra esse tipo de associações, mutualidades ou cooperativas.  Os bens e serviços integrados no terceiro setor podem atuar em serviços de proximidade – apoio à velhice; animação cultural e social –, assim como ser dirigidos a jovens ou a serviços de formação e de educação – jardins de infância e escolas de formação. 


“Se coisas são dadas e retribuídas, é porque se dão e se retribuem ‘respeitos’ - podemos dizer igualmente, ‘cortesias’. Mas é também porque as pessoas se dão ao dar, e, se as pessoas se dão, é porque se ‘devem’ - elas e seus bens - aos outros.” 

Na teoria da dádiva de Marcel Mauss, o mana é o valor da reciprocidade, um Terceiro entre os homens, que não está ainda aqui, mas para nascer, um fruto, um filho, o Verbo que circula (a Palavra), que dá a cada um seu nome de ser humano, e a sua razão ao universo.

 Nas dádivas, não existe nem troca, nem compra. Portanto, aquele que recebesse esse símbolo seria obrigado a restituí-lo ou a ficar sob a sua dependência. A história mostraria a evolução da troca a partir de prestações primitivas em que a comunicação entre os homens seria ao mesmo tempo material e simbólica - troca de bens e comunhão entre os seres - isto é, até a separação entre as comunicações espirituais, afetivas e materiais dos tempos modernos.


“A reforma do sistema de justiça tem sido importante tema do debate sobre democracia e cidadania no Brasil atual, presente também na discussão sobre o enfrentamento da violência. Uma das iniciativas propostas foi a criação dos Centros de Integração da Cidadania (CIC), um programa do governo estadual paulista [...] Na visão de seus criadores, a descentralização máxima dos serviços judiciais – até então concentrados e centralizados (ou ‘encastelados’, como diziam), a produzir distanciamentos físicos e simbólicos em relação ao ‘homem do povo’ – e a integração com a instância policial representavam um projeto de expansão do Estado de direito, ampliando o acesso aos serviços de justiça à grande maioria da população até então excluída das relações de cidadania e desprotegida pela ordem jurídica.” 

Os papéis e as posições assumidos por quem dirige o ritual e pelos seus participantes, buscando conhecer as relações estabelecidas entre eles, as equidades e hierarquias produzidas, a produção e a circulação de verdades, a referência a leis, normas, valores e direitos, os rituais de resolução no modo como encarnam valores e criam efeitos de produção, reprodução e modificação de relações de poder,  o desempenho e os efeitos do ritual à hipótese do papel pedagógico da expansão dos serviços de justiça no aprendizado da democracia e da cidadania e na consolidação de culturas jurídicas que rechaçam a violência como mecanismo de resolução de conflitos, o ritual judiciário, no qual os valores professados na sociedade são representados na cena, no espaço, no tempo, nas vestimentas, na linguagem, nos papéis assumidos pelos atores.

“...a maciça introdução do "contratualismo" calcado na accountability, em parceria com a imposição de disciplina pela grande redução de staff e pelas mudanças na forma de contratação normal no setor público criou (supostamente) um serviço público mais responsável e cumpridor de ordens 

Entretanto, se isto é verdade, há também o risco do surgimento de uma nova cultura carreirista, caracterizada pela busca oportunista de recompensas pecuniárias, aumentando o "risco moral" que a economia das organizações busca evitar. De fato, uma pesquisa realizada em 1997 concluiu que 38% dos servidores de alto e médio escalões governamentais não esperavam estar trabalhando no setor público nos próximos cinco anos (NORMAN e MCMILLAN, 1997 apud GREGORY, 1999); em 1986, uma pesquisa semelhante mostrou que apenas 19% desse grupo não possuía essa expectativa pelo resto da vida. O aumento da circulação entre os setores público e privado que se pode esperar com essa mudança tende a criar novas oportunidades de corrupção, ao mesmo tempo em que enfraquece a capacidade da burocracia de desenvolver valores e preferências compartilhados independentemente de pressões externas. Nesse contexto, o desenvolvimento de um forte ethos de serviço público, apontado por Evans e Schneider como um dos fatores cruciais para a efetividade da ação estatal, tende a ser prejudicado.”  A efetividade da ação da burocracia depende de um ethos de serviço público baseado na idéia de confiança e solidariedade. A ética utilitarista dos liberais não é suficiente por si só para resolver o problema moral do Estado.  Em alguns países, como na Nova Zelândia, um alto padrão ético no setor público, construído ao longo de séculos, pode ser explicado pela existência de uma fiscalização severa e de um forte ethos de igualdade e civismo na sociedade.

A ênfase em um modelo tecnocrático de administração, com a devida fuga aos controles da democracia representativa, tem favorecido a intransparência dos procedimentos burocráticos e, em consequência, as atividades ilícitas.  O tipo de burocrata que se requer em uma estrutura calcada no princípio do mercado nada tem a ver com a figura clássica do burocrata "weberiano". Essa estrutura baseada no mercado exige aproximar o administrador público do grande executivo privado. 

“Para nós latino-americanos, que estamos envolvidos em um amplo processo de globalização econômica e cultural e que fomos colonizados pela cultura ocidental europeia, a própria reflexão histórica deve ser precedida de uma análise crítica sobre o processo de comparação e, portanto, sobre a interpretação de nossa produção econômica, histórica e cultural. Assim, é importante levantar algumas questões sobre o uso dos estudos comparados e sobre alguns de seus problemas teórico-metodológicos.”  As diferenças culturais devem ser consideradas, preservando a especificidade local e temporal dos fenômenos observados, visualizando-os nas relações que estabelecem com outros fenômenos, sob a ação de sujeitos individuais e coletivos.

“O indivíduo que está sendo socializado não é um simples objeto do processo de socialização. Há estudos sociológicos que mostram o “novato” como proativo em se ajustar ao seu novo ambiente. Esta mudança é significativa porque resulta em uma percepção mais completa da socialização. A socialização é um processo afetado não só pelas iniciativas organizacionais, mas também pelas iniciativas do novato.”  A busca de informação ajuda o novo empregado a reduzir a ansiedade e a entender e conhecer profundamente seu ambiente. São tarefas básicas no processo de socialização organizacional, domínio da tarefa: aprender como desempenhar seu trabalho aculturação: aprender sobre e se ajustar à cultura da organização, integração social: desenvolver relacionamentos com seus colegas, clarificação do papel: desenvolver a compreensão do seu papel na organização.  

Entende-se por cultura organizacional o conjunto de valores, crenças e entendimentos importantes que os integrantes de uma organização têm em comum. A cultura oferece formas definidas de pensamento, sentimento e reação que guiam a tomada de decisões e outras atividades dos participantes em uma organização,

  Nas organizações, há ritos que consolidam a cultura organizacional, dentre os quais, podemos citar ritos de passagem, tal como o processo de introdução e treinamento (ato de posse).  Ritos de confirmação, tais como os seminários, reuniões para reforçar a identidade social e seu poder de coesão. Ritos para redução de conflito, tal como processos de negociação coletiva e ritos de integração, tais como festa de natal, dia do trabalho.  

“As organizações públicas mantêm as mesmas características básicas das demais organizações, acrescidas, entretanto, de algumas especificidades como: apego às regras e rotinas, supervalorização da hierarquia, paternalismo nas relações, apego ao poder, entre outras. Tais diferenças são importantes na definição dos processos internos, na relação com inovações e mudança, na formação dos valores e crenças organizacionais e políticas de recursos humanos.” No Brasil, como em outros países do mundo, a descontinuidade administrativa é um dos pontos que mais diferenciam a organização pública da privada, gerando para as organizações públicas características específicas que diminuem sua eficácia.

Projetos de curto prazo: cada governo só privilegia projetos que possa concluir em seu mandato, para ter retorno político, duplicação de projetos: cada novo governo inicia novos projetos, muitas vezes quase idênticos, reivindicando a autoria para si, conflitos de objetivos: conflito entre os objetivos do corpo permanente e do não-permanente, o que pode gerar pouco empenho em relação aos procedimentos que vão contra interesses corporativos, em face da ciência de que a chefia logo será substituída  administração amadora: administração feita por indivíduos com pouco conhecimento da história e da cultura da organização e, muitas vezes, sem o preparo técnico necessário, com o predomínio de critérios políticos em detrimento da capacidade técnica ou administrativa dos nomeados.

No período de 1989 a 2001, o número de empregados da Petrobrás caiu de sessenta mil para trinta e dois mil, como parte da escalada para atender às novas estratégias da companhia. (Adaptado: Revista Isto é, nº 1912, de 14/06/2006). A reestruturação produtiva que ocorreu no Brasil, a partir do final da década de 70 do século XX, teve as seguintes consequências a incorporação do aspecto subjetivo do trabalhador nas estratégias do capital, através da gestão participativa, Círculos de Qualidade, programas de Qualidade Total, para aumentar a produtividade.  


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Fonte: DIAS, Reinaldo. Sociologia & Administração. São Paulo: Alínea & Átomo, 2001.  

  

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